Num mar de rosas

Um mar de rosas no qual mergulhamos e saímos perfumadas... É, pode ser! Mas vale a pena lembrar que as rosas têm espinhos e que esse mergulho não vai ser tão fácil assim. Existem aquelas para as quais algum jardineiro retirou os espinhos das rosas antes de jogá-las ao mar e outras não, vão ter que aprender a tirá-los ao longo do mergulho. E ao longo desse tempo, vez ou outra podem sofrer alguns arranhões, furos nos dedos e por aí vai. Pode parecer estranho, mas eu estou falando da tão famosa – gestação.

Quando descobri que havia uma vida sendo gerada dentro de mim, meu coração transbordou de alegria. O sonho realizado, o resultado das orações, o fim das lágrimas por diagnósticos médicos e a certeza de que um milagre havia acontecido. Sim, normalmente nós ficamos “bobas” com esse tipo de novidade e lá estamos nós, lançadas no nosso “mar de rosas” e prontas para um mergulho cada vez mais profundo. Tô brincando, nós nunca estamos prontas para um mergulho como esse e sou prova dessa realidade. Mesmo com uma gestação totalmente planejada e desejada, os dias em que precisei tirar espinhos das rosas não foram fáceis. Eu não estava preparada para ser mãe, eu não estava preparada para as dores que senti quando minha barriguinha começou a crescer, não estava preparada para estar em repouso (quase que absoluto) por sangramentos inesperados, eu não estava preparada para um misto de sentimentos que costumam tomar conta de nós neste período, eu não estava preparada para sair sempre acompanhada por conta das quedas de pressão que sofri nos dias quentes, eu não estava preparada para ver meu esposo cuidando da casa enquanto eu ficava deitada, eu não estava preparada...

Um dia eu descobri que não precisava mesmo estar preparada (como ainda não estou), a vida nunca foi um “mar de rosas” e acredito que pra você também não. Mas, tem alguém que cuida dos nossos arranhões e dos nossos dedos furados, tem alguém que me ensinou a confiar e entender que se fui abençoada com o dom de gerar uma vida, serei capacitada dia após dia para cuidar dessa nova vida. Aprendi a ser grata pelo tempo em que estive repousando, enquanto eu repousava, minha bebê crescia. Aprendi a ser grata por ter pessoas que cuidaram de mim, ser grata por ter meu esposo ao meu lado e me ajudando tanto e aprendi a ser grata por não estar preparada, acredito que se eu estivesse, não estaria tão próxima de Deus. Nós temos a mania de achar que somos autossuficientes quando pensamos saber todas as coisas.

Eu te convido a mergulhar nesse “mar de rosas”, mesmo que o jardineiro não tenha tirado os espinhos e você precise fazê-lo, mesmo com as marcas deixadas pelos arranhões e os dedos furados, num próximo mergulho elas servirão para lhe encorajar e mostrar que você já venceu uma vez. Deus está mergulhando neste mar com você e sarando as suas feridas, te fazendo mais forte e te preparando a cada dia.  E lembre-se, há uma grande chance de sair perfumada desse mergulho! 

Talita Souza – mãe de primeira viagem.